MÁRIO DE ANDRADE
1893: Nasce Mário
Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro, filho de Carlos Augusto de
Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São
Paulo - SP.
1904: Escreve o primeiro poema, cantado com palavras inventadas.
"O estalo veio num desastre da Central durante um piquenique de
subúrbio. Me deu de repente vontade de fazer um poema herói-cômico sobre o
sucedido, e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo
apenas. Apenas já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e
aos dez, mais ou menos, uma poesia cantada, de espírito digamos super realista,
que desgostou muito minha mãe. "— Que bobagem é essa, meu filho?" —
ela vinha. Mas eu não conseguia me conter. Cantava muito aquilo. Até hoje sei
essa poesia de cor, e a música também. Mas na verdade ninguém se faz escritor.
Tenho a certeza de que fui escritor desde que
concebido. Ou antes... Meu avô materno foi escritor de ficção. Meu pai também.
Tenho uma desconfiança vaga de que refinei a raça..." Este
o depoimento do escritor a Homero Senna, publicado no livro "República das
Letras", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1996, 3a. edição, sobre como havia
começado a escrever.
1905: Ingressa
no Ginásio N. Sra. do Carmo dos Irmãos Maristas.
1909: Forma-se bacharel em Ciências e Letras. Terminado o curso
multiplica leituras e freqüenta concertos e conferências.
1910: Cursa o primeiro ano da faculdade de Filosofia e Letras de São
Paulo.
1911: Inicia estudos no Conservatório Dramático e Musical de São
Paulo.
1913: Morre seu irmão Renato, aos 14 anos, devido a complicações
decorrentes de uma cabeçada em jogo de futebol. Abalado pelo fato e
trabalhando em excesso, Mário tem uma profunda crise emocional.
Passa um tempo em Araraquara, na fazenda da família. Quando retorna desiste da
carreira de concertista devido a suas mãos terem se tornado trêmulas.
Dedica-se, então a carreira de professor de música.
1915: Conclui curso de canto no Conservatório.
1916: Conclui, como voluntário, o Serviço Militar.
1917: Diploma-se em piano pelo Conservatório. Morre seu pai. Publica Há uma gota de sangue em cada poema,
poesia, sob o pseudônimo de Mário Sobral.. Primeiro contato com a modernidade
na Exposição de Anita Malfatti. Primeira viagem a Minas: encontra o barroco
mineiro, visita Alphonsus de Guimarães. Já iniciou sua Marginália.
1918: Recebe Diploma de Membro da Congregação Mariana de N. Sra. da
Conceição da Igreja de Santa Ifigênia. Noviciado na Ordem Terceira do
Carmo. Nomeado professor no Conservatório. Escreve contos e poemas. Colabora
ocasionalmente em jornais e revistas como crítico de arte e cronista; em A Gazeta e O
Echo (São Paulo).
1919: Profissão na Ordem Terceira do Carmo à 19 de março. É
colaborador deA Cigarra, O
Echo e A Gazeta. Viagem à Minas
Gerais, visitando as cidades históricas.
1920: Lê obras Index . Faz parte do grupo modernista de São Paulo.
Colabora em Papel e Tinta (São Paulo), na Revista do Brasil (Rio de Janeiro - até 1926) e na Illustração Brasileira (Rio de Janeiro - até - 1921).
1921: É professor de História da Arte no Conservatório. Pertence à
Sociedade de Cultura Artística. Está presente no lançamento do Modernismo no
banquete do Trianon. É apresentado ao público por Oswald de Andrade através do
artigo "Meu poeta futurista" (Jornal do Commércio São Paulo).
Escreve "Mestres do passado" para o citado jornal.
1922: Professor catedrático de História da Música e Estética no
Conservatório. Participa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, de 13 à 18 de
fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Faz parte do grupo da revistaKlaxon,
publicando poemas e críticas de literatura, artes plásticas, música e cinema.
Escreve Losango Cáqui,
poesia experimental. Inicia a correspondência com Manuel Bandeira, que dura até o
final de sua vida. Publica Paulicéia
desvairada, poesia.
1923: Estuda alemão com Kaethe Meichen-Bosen, de quem se enamora. Faz
parte da revista Ariel, de
São Paulo. Escreve A escrava
que não é Isaura, poética modernista. Continua a colaborar na Revista do Brasil (Rio de Janeiro).
1924: Realiza a histórica "Viagem da Descoberta do Brasil",
Semana Santa dos modernistas e seus amigos, visitando as cidades históricas em
Minas. Colabora em América
Brasileira (contos de
Belazarte), Estética e Revista
do Brasil (Rio de Janeiro).
1925: Colabora n'A Revista Nova de Belo Horizonte. Publica A Escrava que não é Isaura:
discurso sobre algumas tendências da poesia modernista. Adquire a tela de
André Lhote, Futebol, através de Tarsila.
1926: Férias em Araraquara, escrevendo Macunaíma. Publica Primeiro andar, contos, e Losango Cáqui (ou Afetos Militares de Mistura com os
Porquês de eu Saber Alemão), poesia. Escreve poemas de Clã do Jaboti. Colabora na Revista de Antropofagia, na Revista do Brasil e em Terra
Roxa e Outras Terras.
1927: Colabora no Diário
Nacional de São Paulo: crítico de arte e
cronista (até 1932, quando o jornal é fechado). Estréia como romancista,
publicandoAmar, verbo intransitivo, que choca a burguesia paulistana com
a história de Carlos, um adolescente de família tradicional iniciado nos
prazeres do sexo pela sua Fraülein, contratada por seu pai exatamente para essa
tarefa. Lança, também, o livro Clã
do Jaboti, de poesias. Realiza a primeira "viagem etnográfica":
percorrendo o Amazonas e o Peru, da qual resulta o diário O Turista Aprendiz.
1928: Membro do Partido Democrático. Realiza sua segunda "viagem
etnográfica": ao Nordeste do Brasil (dez. 1928 - mar. 1929). Colabora naRevista
de Antropofagia e em Verde. Publica Ensaio sobre a Música Brasileira eMacunaíma - o Herói sem nenhum
caráter, onde inova com
audácia e rebela-se contra a mesmice das normas vigentes. Com enorme sucesso a
obre repercutiu em todo o país por seus enfoques inéditos. Sob um fundo
romanesco e satírico, aí se mesclavam numa narrativa exemplar a epopéia e o
lirismo, a mitologia e o folclore, a história e o linguajar popular. O
personagem-título, um "herói sem nenhum caráter", viria a ser uma
síntese, o resumo das virtudes e defeitos do brasileiro comum.
1929: Inicia coluna de crônicas "Táxi", no Diário Nacional. "Viagem
etnográfica" ao Nordeste, colhendo documentos: música popular e danças
dramáticas. Rompimento da amizade com Oswald de Andrade. Publica Compêndio de História da Música.
1930: Apóia a Revolução de 30. Defende o Nacionalismo Musical. PublicaModinhas
Imperiais, crítica e antologia, e Remate
de Males, poesia.
1933: Completa 40 anos. Faz crítica para o Diário de São Paulo (até 1935).
1934: Diplomado Professor honorário do Instituto de Música da Bahia.
Cria e passa a dirigir a Coleção Cultural Musical (Edições Cultura Brasileira -
São Paulo). Colabora em Festa (Rio de Janeiro), Boletim de Ariel. Publica Belazarte, contos, e Música, Doce Música, crítica.
1935: É nomeado chefe da Divisão de Expansão Cultural e Diretor do
Departamento de Cultura. Publica O
Aleijadinho e Álvares de Azevedo.
1936: Deixa de lecionar no Conservatório. Nomeado Chefe do
Departamento de Cultura da Prefeitura.
1937: É contra o Estado Novo.
1938: Transfere-se para o Rio de Janeiro (27 jun.), demitindo-se do
Departamento de Cultura (12 mai.). É nomeado professor-catedrático de Filosofia
e História da Arte na Universidade do Distrito Federal e colabora noDiário
de Notícias daquela cidade.
Publica Namoros com a Medicina,
estudos de folclore.
1939: Cria a Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo, sendo seu
primeiro presidente. Organiza o 1o. Congresso da Língua Nacional
Cantada (jul.). Projeta a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, SPHAN. É nomeado encarregado do Setor de São Paulo e Mato
Grosso. Escreve poemas de A
Costela do Grão Cão. Publica Samba
Rural Paulista, estudo de folclore. É crítico do Diário de Notícias (até 1944) e colabora na Revista Acadêmica (Rio de Janeiro) e em O Estado de S. Paulo. Publica A Expressão Musical nos Estados
Unidos.
1941: Volta a viver em São Paulo, à Rua Lopes Chaves 546. Está
comissionado no SPHAN. Colabora em Clima (SP).
1942: Sócio-fundador da Sociedade dos Escritores Brasileiros. Colabora
noDiário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. Publica Pequena História da Música.
1943: Publica Aspectos
da Literatura Brasileira, O
Baile das Quatro Artes, crítica, e Os
Filhos de Candinha, crônicas.
1944: Escreve Lira
Paulistana, poesia.
1945: Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que
desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de
fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. Foi
enterrado no Cemitério da Consolação. Publicação de Lira Paulistana e Poesias completas.
Um capítulo à parte em sua produção literária sem fronteiras
é constituído pela correspondência do autor, volumosa e cheia de interesse,
ininterruptamente mantida com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de
Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e
outros. Suas cartas conservaram, de regra, a mesma prosa saborosa de suas
criações com palavras — um lirismo que, como ele disse, "nascido no
subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são
versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação
determinada". Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que
desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo SP em 25 de
fevereiro de 1945.
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